sexta-feira, 28 de setembro de 2012

SIMBOLOGIA DO FERMENTO NA BÍBLIA (Escrito por Sidcley Rodrigues do Amaral)




 

"Por sete dias não se ache nenhum fermento nas vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, aquela alma será cortada da congregação de Israel, assim o estrangeiro como o natural da terra” (Ex 12.19)




O Senhor ordenou que durante a semana da Páscoa os israelitas deveriam tirar o fermento de suas casas. Por sete dias não deveria haver fermento na casa dos filhos de Israel (Ex 12.15, 19). Isso significa que todos os alimentos da Páscoa deveriam ser preparados sem o processo de fermentação. Mas por qual razão havia essa prescrição na refeição da Páscoa do Senhor?

A resposta está no fato de que a palavra fermento sempre é usada na Bíblia com um sentido negativo, pernicioso. Na verdade, o Senhor queria ensinar aos israelitas (e também a nós) que a fermentação e as coisas fermentadas simbolizam a contaminação e corrupção do pecado, por meio de coisas que estragam a nossa vida espiritual e nos influencia a práticas opostas à santidade cristã.

Lembremos que nas epístolas paulinas, o grande Apóstolo dos gentios nos adverte que “um pouco de fermento leveda toda a massa” (I Co 5.6; Gl 5.9). Nessas passagens o termo fermento é utilizado sempre com um sentido negativo.

No Evangelho segundo Mateus, Jesus certa vez disse: “Adverti e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus” (Mt 16.6). Mais adiante, no Evangelho de Lucas, Jesus explica que o fermento dos fariseus é a hipocrisia (Lc 12.1b).

De fato, a hipocrisia é um fermento que desfigura a vida espiritual, pois através da dissimulação, do fingimento, não há espaço para a sinceridade e para o desenvolvimento do amor ágape. A própria palavra hipócrita, no Novo Testamento (Mt 6.2,5) vem do grego hupokrites, que significa originalmente ator, ou seja, aquele que finge ser alguém que não é. Ao observar os fariseus, Jesus condenava o fingimento religioso, a busca do reconhecimento e louvor dos homens através de uma devoção e dedicação puramente externa e aparente. Eis o fermento dos fariseus e saduceus do qual devemos nos separar.

O plano de Deus para o seu povo compreende a união sincera através do amor não fingido (Rm 12.9). O Senhor espera que cada um de nós nos dediquemos à Sua obra com um coração voluntário e amoroso. Que tenhamos em mente que nosso objetivo é glorificar o nome do Senhor e contribuir para a expansão do evangelho na Terra.

Ainda em relação ao uso bíblico do termo fermento, é importante ressaltar que Jesus também fez menção ao fermento de Herodes: “Guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes” (Mc 8.15). O fermento de Herodes representa todos os vícios que dominavam aquele governante ímpio: astúcia (Jesus o chamou de raposa – Lc 13.32), adultério (tomou a mulher do irmão – Mt 14.3-4), maldade (mandou matar João Batista – Mt 14.10). Herodes não tinha temor a Deus, era supersticioso (Mt 14.2). Enfim, o fermento de Herodes abrange coisas nocivas à vida cristã que se apresentam através de comportamentos ímpios, maus costumes, maus hábitos e domínio das obras da carne (Gl 5.19-21).

Sempre é bom relembrar o que Paulo nos exorta: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento” (I Co 5.7a).

Hoje nós somos uma nova massa no Senhor e por isso devemos fazer festa “não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade” (I Co 5.8).